Conforme documentação em arquivo:
São Lourenço do Bairro consta como a povoação mais antiga do concelho de Anadia: São Lourenço do Bairro (883), Arcos (943), Sangalhos (957), Vila Nova de Monsarros (1006), Levira (1020), Vilarinho do Bairro (1020), Samel (1020), Monsarros (1064), Moita (1064 – referência à igreja de S. Cucufate), Tamengos (1064), Horta (1064), Anadia (1082), Quintela (1082), Ós do Bairro (1086), Aguim (1101), Mata (1131), Avelãs de Cima (1132), Figueira ( 1138), Boialvo (1138), Ferreiros (1138), Ancas (1143), Mogofores (1143), Sá (1143) e Paredes do Bairro (1143).
in ROSMANINHO, Nuno, et al — Anadia. Relance histórico, artístico e etnográfico, Paredes, Reviver Editora, 2000, p. 13.
À mal conhecida a evolução até ao século XVI, dos concelhos e freguesias, por isso iremos fazer referência a partir dos anos trinta do século XVI, quando foi criada uma nova divisão administrativa que distribuiu os concelhos por duas novas comarcas. Até esse momento quase todos pertenciam à comarca da Estremadura com excepção de Avelãs de Cima e Ferreiros que faziam parte da comarca da Beira, mas a 12 de Março de 1533 surge (…) a comarca de Coimbra onde se insere Aguim, Vila Nova de Monsarros e Paredes do Bairro, e a 20 de Dezembro desse mesmo ano é estabelecida a comarca de Aveiro que conta, entre as suas circunscrições, com Anadia, Avelãs de Cima, Avelãs de Caminho, Ferreiros, Pereiro, Sangalhos, São Lourenço do Bairro e Vilarinho do Bairro. (…) Será no século XIX que voltará a haver nova configuração desta região, graças a medidas impostas por legislação em constante reformulação. Para lá da ligação de Sangalhos a Oliveira do Bairro, (…) verifica-se que a 28 de Abril de 1833, Paredes do Bairro, Pereiro e Anadia passam a integrar o concelho de Avelãs de Cima e a 18 de Julho de 1835 subsistem ainda os concelhos de Aguim, Avelãs de Caminho, Avelãs de Cima, Ferreiros, Mogofores, Óis do Bairro, Sangalhos, São Lourenço do Bairro, Vilarinho do Bairro e Vila Nova de Monsarros. Mas nos termos do decreto de 06 de Novembro do ano seguinte (1836) esta área passará a ser partilhada apenas por dois concelhos: o de Anadia – constituído pelas freguesias de Arcos, Moita, Mogofores, Avelãs de Cima e Avelãs de Caminho; e o de São Lourenço do Bairro – formado pelas freguesias de São Lourenço do Bairro, Sangalhos, Óis do Bairro, Vilarinho do Bairro e Troviscal.
O concelho de Anadia será de novo ampliado a 04 de Julho de 1837, graças à anexação de Vila Nova de Monsarros, que se desliga da Mealhada e a 31 de Dezembro de 1853 (…) é desanexada a freguesia de Tamengos também do concelho da Mealhada e do concelho de São Lourenço do Bairro, despojado da freguesia do Troviscal, mas beneficiado com a freguesia de Ancas.
in ROSMANINHO, Nuno, et al — Anadia. Relance histórico, artístico e etnográfico, Paredes, Reviver Editora, 2000, p. 15.
Ocorreram ainda mais algumas transformações até 1898.
D. Dinis deu a Aldonsa Rodrigues de Sousa, em 1301, o reguengo de São Lourenço do Bairro, entre outros, que ficaria, por sua morte, ao filho de ambos, D. Afonso Sanches e sucessores legítimos.
São Lourenço formou concelho antigo, com foral Manuelino em 1514.
Franklin aponta foral a um São Lourenço, dado por D. Afonso III, em 1255, que não se sabe se dirá respeito a este.
A época constitucional organizou um concelho, com sede em São Lourenço, extinto em 1853. Existem actas com data de 30 de Julho de 1840, sendo presidente do concelho de São Lourenço do Bairro:
– Martinho Nunes Fragoso;
e vereadores:
– Adriano Francisco Guedes;
– José Maria Guedes Pinto ;
– Duarte José Antunes;
– Manuel Lopes;
– António José Rodrigues;
etc.
Ao nível eclesiástico, esta região esteve ligada à diocese de Coimbra até ao momento em que foi criada a diocese de Aveiro, em 12 de Abril de 1774, à qual passam a pertencer : Ancas, Óis do Bairro; Sangalhos; São Lourenço do Bairro; e Vilarinho do Bairro; integrados no arcebispado de Vilarinho do Bairro a partir de 1859.
Extinta esta diocese em 1881, as suas comarcas e bens regressam à posse da diocese de Coimbra e só a 24 de Agosto de 1938 se assistirá à restauração da diocese de Aveiro, que acarreta a integração de dez concelhos, entre os quais o de Anadia, então constituído por treze freguesias.
Antes, o nome da terra era só S.Lourenço. Só bem mais tarde surge, como em muitas terras da Bairrada, o determinativo “Barro” e depois Bairro. Aliás, S. Lourenço do Bairro, no início do século XVII, conforme documentos paroquiais de 1650, tanto se grafava “Sam Lourenço do Barro” (como acontecia no fronstespácio dos livros de assentos paroquiais, como “S. Lourenço do Bairo” ou ainda “S. Lourenço do Bayro”).
Aparece em documentação datada do ano de 883, numa doação a Santiago de Compostela, doação que foi confirmada em 1O de Março de 1063. Entretanto, el rei D.Dinis dava o reguengo a S. Lourenço do Bairro a Aldonsa Rodrigues de Sousa. A freguesia é efectivamente uma das mais antigas de toda a Bairrada. Tanto que a primeira igreja, conforme inscrição existente e que António de Vasconcelos (“Inscrições no Distrito de Aveiro”, ADA, Vol VII) considera uma das melhores inscrições da época, “um monumento epigráfico” embora de construção tardia, foi inaugurada no dia 25 de Outubro de 1181 pelo bispo de Coimbra.
Foral
Terra de alguma importância teve foral manuelino (D. Manuel I) datado de 5 de Abril de 1514. Este documento mostra as terras que formavam a vila, concelho, mas também as obrigações e regalias, que eram sempre menos. Vêm mencionados os lugares de Pedralva, Couvelha (“Covella”), Levira (“Limiram”), Póvoa do Moinho, Alvites Póvoa das Laceiras, Espairo (está escrito “Esparco”) e S.Mateus.
Os foros que pagava cada casal antigo de S. Lourenço: cinco alqueires de trigo e de cevada outros tantos, dois capões e duas galinhas e “quatorze meas de vinha na bica”; os dos outros lugares: cada casal, três alqueires e três quartas de trigo e dois alqueires e meio de cevada e ainda um capão e dez ovos. Os casais da sede tinham outra obrigação: levarem o pão ao celeiro e o vinho à cuba. Embora pequena sede de um concelho, ainda está de pé ao edifício da Casa da Câmara, hoje sede da Junta de Freguesia, e à sua frente o velho Pelourinho, reconstituido. Ainda existe na autarquia a antiga bandeira de concelho. Bem como a antiga Casa do Notório, não muito dali, precisamente da Rua Principal. O padroeiro desta pequena vila, S. Lourenço (era uma povoação que, em 1700, tinha apenas vinte vizinhos, à sombra de uma igreja paroquia) é que deu o nome à terra. 0 determinativo, do Bairro, como em outros casos vizinhos, foi-lhe acrescentado muito mais tarde. Os lugares que compõem hoje esta freguesia são exactamente os que figuram, em 1708 na “Coreografia Portugueza”, uns com mais habitantes do que S.Lourenço, outros menos.
por Armor Pires Mota, in Jornal da Bairrada, 02.04.2008
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